A Princesa com Pele de Burro Peau d'âne
O Rei Azul promete à sua doente Rainha que só voltará a casar com uma mulher mais bela do que ela. Anos mais tarde, decide casar-se com a sua filha, a única mulher cuja beleza supera a da mãe. Ajudada pela sua fada-madrinha, a Princesa foge do castelo, disfarçada com uma pele de burro, e refugia-se na floresta. Aí, fica conhecida como Pele de Burro. Um dia, o Príncipe Vermelho vê a Princesa sem o seu disfarce e apaixona-se imediatamente por ela. Uma excêntrica adaptação do clássico conto de fadas de Charles Perrault.
Actores e ficha técnica
Catherine Deneuve, Micheline Presle, Jacques Perrin, Jean Marais, Delphine Seyrig
Argumento: Jacques Demy
Direcção de Fotografia: Ghislain Cloquet
Montagem: Anne-Marie Cotret
Música: Michel Legrand
Coreografia: Nicole Dehayes
Produção: Mag Bodard
Distribuição: Leopardo Filmes
Biografia do realizador
Jacques Demy nasceu em Pontchâteau, Nantes, em 1931. Desde muito novo, a mãe encorajou nele um profundo gosto por espectáculos de marionetas que, a dada altura, o próprio começou a encenar em casa para a sua família e amigos. Anos mais tarde, descobriu o cinema de animação e os tempos livres da sua adolescência foram passados a fazer filmes animados. Estas paixões levaram-no a continuar os seus estudos na ETPC (École Technique de Photographie et de Cinématographie) em Paris. Depois de terminar o curso e realizar alguns filmes publicitários, realizou, em 1956, o documentário O Tamanqueiro do Vale do Loire, a sua primeira curta-metragem. Cinco anos depois, realizou a sua primeira longa-metragem, Lola, considerada uma das suas obras-primas. Foi também a primeira vez que trabalhou com Michel Legrand, responsável pelos momentos musicais e decisivo colaborador nas suas obras seguintes. Seria três anos mais tarde, com o musical Os Chapéus de Chuva de Cherburgo (filme que lhe valeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes), que o estilo distinto de Demy se afirmaria em pleno, com cenários marcados pela combinação de pastéis com cores primárias vibrantes e com uma banda sonora hipnotizante e memorável, num mundo encantado e “em-cantado” (como lhe chamou o próprio Demy). A construção destes mundos encantados caracterizou os seus filmes seguintes, como As Donzelas de Rochefort (1968), outra das suas obras cimeiras, A Princesa com Pele de Burro (1970), O Tocador de Flauta (1972) e Um Quarto na Cidade (1982). Ao longo da carreira, a sua imaginação poética criou um universo próprio, situado entre o sonho e a realidade, com uma forte geografia afectiva marcada por encontros e desencontros, amor dado e negado, sonhos concretizados e sacrificados.