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Body Rice Body Rice

Um filme de Hugo Vieira da Silva com Sylta Fee Wegmann, Alice Dwyer, Julika Jenkins, André Hennicke

Desde 1980 que instituições Alemãs enviam adolescentes para o sul de Portugal ao abrigo de projectos experimentais de re-educação social. É assim que Katrin, a personagem principal, chega ao Alentejo. Ela não vai conseguir estabelecer uma relação com o ambiente que a envolve, uma situação agravada pela dureza da paisagem e o vazio de uma região socialmente desertificada. Katrin irá formar com Julia e Pedro um refúgio numa terra de ninguém - um deserto físico e mental.

2006 | Alemanha, Portugal | M/12 | 2h | Drama | Longa-metragem

Festivais e prémios

- Menção especial do Júri Oficial "pela sua expressão cinematográfica desafiadora e corajosa criatividade", Competição Internacional, Festival de Locarno 2006

- 11th International Film Festival of Kerala, Índia 2006
- 17th Ljubljana International Film Festival, Eslovénia 2006
- Bangkok International Film Festival, Tailândia 2006
- Festival Internacional de Cinema Jovem deValência, Espanha
- Secção Cinema Europeu, Em Competição, Festival Crossing Europe, Áustria
- Festival de Durban, África do Sul
- Festival de Roterdão, Holanda 2007

Actores e ficha técnica

Sylta Fee Wegmann

Alice Dwyer
Julika Jenkins
André Hennicke
Pedro Hestnes
Luís Guerra


Assistente de Realização - Natali Rajak
Som - Pedro Melo
Guarda Roupa - Maria Gambina
Montagem - Paulo MilHomens
Produção - CLAP FILMES
Produtor - Paulo Branco
com o apoio - MC / ICAM - Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia, RTP - Rádio e Televisão de Portugal
Distribuição - Leopardo Filmes
Direcção de Produção - Ana Pinhão
Direcção de Produção - Paulo Ares

Nota de intenções

As minhas personagens são sombras. Nunca sabemos tudo sobre nada nem tudo sobre ninguém. Katrin está possuída por uma violência surda de memórias das quais nuncAs minhas personagens são sombras. Nunca sabemos tudo sobre nada nem tudo sobre ninguém. Katrin está possuída por uma violência surda de memórias das quais nunca toma completamente consciência.

Tal como Katrin as outras personagens estão desterritoralizadas daí que uma sensação de “deslocação” e permanente inquietude sejam os sentimentos colectivos.

Eu quis registar estes corpos periféricos à superfície. Na pele. Isso quer dizer que quis evitar a psicologia. Queria falar sobre a “ausência”. O desafio foi, como manter as personagens sem psicologia uma vez que no sentido ficcional clássico elas vivem disso mesmo.

Tinha o desejo de reduzir a “representação” dos actores a um nível epidérmico e trabalhar a superfície do corpo como um mapa emocional do interior das personagens. Daí que me assuma como uma espécie de cineasta-dermatólogo com a tarefa de construir em permanência uma espécie “pele”.

No cinema interessa-me fundamentalmente o que “não é visto” e o “silêncio” daí que os eventos narrativos sejam por vezes suspensos ou desagúem em possibilidades performativas dos corpos e das situações.

Ao mesmo tempo, uma ideia ganhou forma, durante o meu trabalho documental prévio (em forma de workshop) com alguns dos adolescentes inseridos nos projectos sociais: Na vida, nada tem um fim, tudo é fragmentado, e a minha (nossa) tarefa é reconstruir continuamente para perder tudo de novo. Durante esse tempo evaporou-se toda e qualquer noção de absoluto. Com eles, apreendi o valor de conceitos como “instabilidade”, “mutação”, de “corpos híbridos” e construíram-se assim novas “psico-geografias”. Ensaiou-se a possibilidade de um “pós-corpo”. Ou seja, quando este não é mais um limite, uma barreira, para passar ser apenas uma cápsula.

No filme, o “fim da psicologia” é como um retrato do meu mundo e da minha geração e também de uma certa forma de pensar o cinema. Estes sentimentos invadem e infectam o filme: algo associado à sensação de que a plenitude, o amor (no sentido tradicional) não é alcançável. Isso não significa contudo que as personagens sejam infelizes. Eu concebo-as como profundamente vitalistas. Não as imagino dramáticas nem morais porque então não as reconheceria. Todos transportam desejos que se expressam de uma forma não-convencional. Não estou por isso interessado em “corpos normais” ou formatados.
Uma acção iniciada, suspendida, esquecida. Como uma catástrofe muda, irreversível que lentamente se desenvolve. Como uma doença em permanente viagem e é esta viagem que se vai tornar o único objecto do filme. Filmar esta jornada implica um tempo de observação, um tempo suspenso…

Hugo Vieira da Silva

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