France France
Um dos filmes sensação da Selecção Oficial em Competição do Festival de Cannes, France oscila entre a sátira política, a crítica aos media e o melodrama, apresentando-nos o retrato de uma jornalista, de um país e dos seus meios de comunicação. France de Meurs – cujo nome não foi escolhido ao acaso – é uma célebre jornalista que se desdobra entre a televisão, uma guerra distante e o frenesim da sua vida familiar.
Após um acidente de viação, do qual resulta um ferido, France vê o seu mundo abalado e tenta refazer a vida de forma anónima, mas a fama dificulta-lhe a prossecução desse plano. Bruno Dumont tece uma crítica mordaz ao meio jornalístico, no seio do qual tudo parece fielmente apresentado, mas onde o real é, na verdade, encenado e reconstruído, constituindo-se como o resultado de uma sociedade do espectáculo e do sensacionalismo, na qual o imediato assume o papel principal.
Festivais e prémios
Festival de Cannes – Selecção Oficial em Competição
TIFF Toronto International Film Festival - Special Presentations
Crítica
«Uma obra-prima espectral e deslumbrante, talhada à medida, com uma delicadeza de ourives, sobre a imbecilidade nas redes, o cinismo das elites e as injustiças gritantes que fazem parte do nosso quotidiano.»
Le Monde
«[…] Num filme mordaz e virtuoso, Bruno Dumont traça um retrato cruel de uma personagem encarnada por uma incrível Léa Seydoux (…) nunca voltámos a ver Léa Seydoux tão intensa e tão admirável.»
Libération
«Uma tragicomédia contemporânea sobre a máquina mediática cada vez mais descontrolada nos canais de informação contínua. […] France é o reflexo da nossa alienação e de um real esquecido, desmoronando-se sobre a sua própria reproductibilidade.»
Cahiers du Cinéma
Actores e ficha técnica
Léa Seydoux
Blanche Gardin
Benjamin Biolay
Juliane Köhler
Emanuele Arioli
Realização e argumento: Bruno Dumont
Fotografia: David Chambille
Música: Christophe
Direcção de Arte: Aurélien Maillé
Produção: Rachid Bouchareb, Jean Bréhat, Muriel Merlin
Distribuição: Leopardo Filmes
Biografia do realizador
Bruno Dumont, realizador e argumentista, nascido em França, em 1958, é um dos maiores nomes do cinema francês contemporâneo, com uma cinematografia singular. Na aldeia onde nasceu, roda os seus dois primeiros filmes, La Vie de Jésus (1997) e L’Humanité (1999). Ambas as longas-metragens foram aclamadas no Festival de Cannes: a primeira recebeu a Menção Especial Camera d’ Or e a segunda foi distinguida com o Grande Prémio do Júri e com um duplo Prémio de Interpretação (Melhor Actriz e Melhor Actor).
Nos seus filmes, Bruno Dumont explora a essência do homem e as suas motivações, colocando interrogações sobre a ordem do sagrado e olhando-as de forma profana – filma com brutalidade os corpos, as sensações e a natureza. Com Flandres (2006) venceu novamente o Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes. Em 2014, Bruno Dumont foi um dos convidados do LEFFEST, onde apresentou O Pequeno Quinquin, em Competição no festival. O filme, que estreou no festival de Cannes e foi exibido na televisão francesa em formato de série, foi eleito a melhor obra do ano pela prestigiada revista Cahiers du Cinéma, que, no final dos anos 10, o colocaria também entre os melhores filmes da década. Voltaria a este universo com Coincoin et les z’inhumains (2018; Prémio Pardo d’onore Manor no festival de Locarno).
Realizou ainda Ma Loute (2016) e Jeanne (2019, um dos seus filmes mais emocionantes, sobre Joana D’Arc, sobre a qual fizera, dois anos antes, Jeannette, l’enfance de Jeanne d’Arc), ambos na Selecção Oficial do Festival de Cannes, tal como France, que em 2021 integrou a Selecção Oficial em Competição.