Estreia hoje no Cinema Medeia Nimas o arrepiante filme de Vincent Le Port sobre o mal absoluto.

Filmado com austeridade e rigor bressonianos, BRUNO REIDAL — CONFISSÕES DE UM ASSASSINO baseia-se na história verídica de um jovem seminarista que se entrega à polícia e confessa, na prisão, a sua vida até ao dia do seu horrendo crime.

No Diário de Notícias, João Lopes escreve que «o filme é “apenas” o relato desse processo confessional em que o factor humano se expõe para lá de qualquer hipótese romanesca ou redentora. 

Há um misto de serenidade e coragem na mise en scène de Le Port, relatando esta odisseia sangrenta como uma história que não é exterior a esse factor, antes expõe as convulsões internas daquilo que habitualmente apelidamos de “natureza humana”.»

O crítico de cinema afirma ainda que «a sua linguagem precisa e descarnada encontra o eco adequado no espantoso trabalho do estreante Dimitri Doré, intérprete de Bruno Reidal.»

No Público, Vasco Câmara, que entrevistou o realizador, escreve que este «é daqueles filmes que empunham o nome da personagem no título para mais claramente assinalarem que a revelação é um processo enigmático, tortuoso e sem garantia.»

«O mais interessante, perverso mesmo, e aí surpreendente, é que o género que imprime não é o thriller nem a crónica policial, antes o romance de iniciação: aos sentimentos, ao gozo pleno, à ficção e à auto-recriação. Bruno Reidal, o assassino, revelou-se um escritor: escrever era poder reviver as emoções, dar de novo vida ao frisson de matar.» (V.C.)