A Criança A Criança
Adaptação livre do conto “Der Findling”, de Heinrich von Kleist (em Portugal foi publicado com o título “O Órfão”, numa tradução de José Maria Vieira Mendes), A Criança é a primeira longa-metragem de Marguerite de Hillerin e Félix Dutilloy-Liégeois, também autores do argumento.
Em meados do século XVI, Lisboa é uma cidade cosmopolita, onde o apogeu de um poder que a expansão trouxera começa a esboroar-se, ao mesmo tempo que se instala a rigidez de uma Inquisição cada vez mais prepotente.
Perto de Lisboa, Bela (João Arrais), um adolescente adoptado por um casal franco-português de abastados negociantes, vive uma intensa história de amor com Rosa (Inês Pires Tavares) e uma história de amizade com Jacques (Loïc Corbery), amigo dos pais adoptivos. Bela tenta encontrar o seu lugar, mas uma sucessão de acontecimentos incontroláveis (causados por equívocos, ambiguidades, ciúmes…), conduzem ao desastre.
Festivais e prémios
Festival Internacional de Cinema de Roterdão
Selecção Oficial - Em Competição
ShorTS International Film Festival
Nuove Impronte
ShorTS International Film Festival de Trieste - Premio SNCCI do Sindacato Nazionale Critici Cinematografici Italiani - Special Mention
46ª Mostra de São Paulo – Competição Novos Diretores
Actores e ficha técnica
Paulo Branco e Juan Branco
apresentam
Grégory Gadebois
João Arrais
Maria João Pinho
Inês Pires Tavares
Alba Baptista
Loïc Corbery de la Comédie-Française
Ulysse Dutilloy-Liégeois
Cleonise Malulo
Raimundo Cosme
Olivier Dutilloy
João Vicente
com a participação especial de
Albano Jerónimo
Argumento e realização: Marguerite de Hillerin e Félix Dutilloy-Liégeois
Livremente adaptado do conto Der Findling (trad. O Orfão) de Heinrich von Kleist
Imagem: Mário Barroso
Decoração: Zé Branco
Guarda-roupa: Lucha D'Orey
Som: Francisco Veloso
Montagem: Paulo Milhomens
Montagem de som: Pedro Góis, Elsa Ferreira
Assistente de realização: Raquel Teixeira
Chefe de produção: Catarina Alves
Produzido por Paulo Branco
Uma produção Leopardo Filmes
Em co-produção com Alfama Films Production
Com o apoio financeiro
Instituto do Cinema e do Audiovisual
Ministério da Cultura
Rádio e Televisão de Portugal
Versão mini-série com o apoio do
Fundo Apoio ao Turismo e ao Cinema
Vendas internacionais e festivais: Alfama Films
Biografia do realizador
Marguerite de Hillerin:
Marguerite de Hillerin surge em Le Sommeil de la terre de Félix Dutilloy-Liégeois. A partir daí, Félix e Marguerite têm vindo a partilhar as suas ideias, a imaginar em conjunto novas histórias e modos de as contar. Escreveram e realizaram juntos os filmes Au Mont e Les Ruines en été, onde temas como o desaparecimento, os segredos e os silêncios vão de encontro aos temas de A Criança.
Félix Dutilloy-Liégeois:
Na Primavera de 2018, Félix Dutilloy-Liégeois escreveu e realizou, com Marguerite de Hillerin, Au Mont. Em Agosto de 2019, Marguerite e Félix dirigem uma média metragem, Les Ruines en été, que narra o regresso de um irmão a uma família enlutada pela morte de um filho. Este filme permitirá à dupla de realizadores abordar os temas fundamentais de A Criança.
Nota de intenções
Quando Paulo Branco e o seu filho Juan nos pediram para escrever ou adaptar uma história, um de nós pensou em “O Orfão”, o conto breve de Kleist. A nossa paixão pelo texto era mútua: na escrita do autor alemão, encontrámos material muito rico e ecos de cinema.
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O nosso trabalho de reescrita levou-nos à criação de um fresco familiar que se desenrola ao longo de seis dias em Portugal, em 1554. A personagem central é Bela, um rapaz nascido num bairro pobre de Lisboa, adoptado por um casal franco-português rico, para substituir um filho perdido nas colónias.
Portugal em meados do século XVI vive o apogeu do seu poder e está simultaneamente à beira do declínio. Lisboa é o local de concentração de riquezas de todo o mundo. Mas a grande expansão estagnara. A Inquisição tornara-se uma instituição e, portanto, uma força política que constrangia a vida dos súbditos do reino. Converteu-se numa ferramenta moral, estendendo seu poder para além das preocupações religiosas, decretando o que eram boas e más condutas. As liberdades individuais iam sendo reduzidas, moldando um mundo cada vez mais estreito.
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Amamos as histórias, amamos as almas errantes, os corações perturbados, amamos os céus tempestuosos, amamos o canto dos pássaros perdidos durante a noite, amamos a eternidade de uma praia perto do mar, a doçura de uma tarde sobre a erva, amamos os caminhos acidentados; amamos Branca que irá trair Rosa por amor, Rosa que irá sacrificar Bela pela sua liberdade, Maria que ama perdidamente um fantasma, Pierre que escreve poemas e os recita ao abrigo do mundo, Afonso que viveu várias vidas, Jacques que vive a dele em sonhos e fora do seu tempo, e, por fim, Bela, o nosso menino luz que vai sucumbir.
Marguerite de Hillerin e Félix Dutilloy-Liégeois