O Pior Homem de Londres O Pior Homem de Londres
Na Londres da época vitoriana, por entre a comunidade artística e a conspiração política, movimenta-se um homem de espírito aventureiro e grande argúcia: Charles Augustus Howell, the Portugee, nascido no Porto de mãe portuguesa e pai inglês, agente de grandes artistas e negociador de arte, agente secreto e mestre na chantagem. Arthur Conan Doyle fê-lo personagem das histórias do detective Sherlock Holmes e apelidou-o de o pior homem de Londres.
Festivais e prémios
IFFR – Festival Internacional de Cinema de Roterdão
Big Screen Competition
Actores e ficha técnica
Albano Jerónimo - Charles Augustus Howell
Edward Ashley - Dante Gabriel Rossetti
Victoria Guerra - Lizzie Siddal
Scott Coffey - John Ruskin
Christian Vadim - La Rothière
Carmen Chaplin - Lady Posselthwaite
Com a participação especial de Simon Paisley Day - William Rossetti
e a participação amigável de Jean-François Balmer - Comte Henri de Pourtalès
Produzido por Paulo Branco
Director de fotografia Jorge Quintela
Argumento Eduardo Brito
Produtora executiva Ana Pinhão Moura
Produtora delegada Mariana Marta Branco
Montagem Tomás Baltazar
Director de arte Ricardo Preto
Figurinos Susana Abreu
Música original Samuel Martins Coelho
Som Pedro Marinho, Elsa Ferreira, Pedro Góis
Uma produção Leopardo Filmes
Em associação com
APM Produções
Alfama Films Production
Viva Devagar
Com o apoio financeiro
ICA - Instituto do Cinema e Audiovisual
Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
Com o apoio
Câmara Municipal do Porto
Câmara Municipal de Viana do Castelo
Câmara Municipal de Matosinhos
Direcção Regional da Cultura do Norte
Junta de Freguesia de Alvarães
Vendas internacionais e festivais
Biografia do realizador
Realizador e produtor. Iniciou a sua vida profissional como músico e produtor musical na label Garagem, e no cinema como Sound Designer de realizadores como Paulo Rocha e Edgar Pêra.
Estudou Gestão na Universidade Católica Portuguesa e licenciou-se em Som e Imagem na Escola das Artes. Especializou-se em Realização na Tisch School of Arts da NYU e frequentou o “Production Eurodoc Program” e o “Venice Biennalle College”.
No início da sua carreira, desenvolveu trabalhos criativos em ficção e documentário, videoarte e videoclips para algumas das melhores bandas do panorama rock português (The Legendary Tiger Man, Wray Gunn, Mão Morta, Sean Riley and the Slow Riders, etc. ...).
Areias realizou 8 longas-metragens e várias curtas, premiadas em mais de 40 festivais, incluindo Karlovy Vary, com a sua longa-metragem Estrada de Palha. O seu último documentário, Hálito Azul, estreou-se em Locarno no FF First Look e venceu os Festivais de Ismailia, Pristina e Kalajoki.
Desde 2001 já produziu e co-produziu mais de 150 curtas e longas-metragens: ficção, documentário e animação, de realizadores internacionais como FJ Ossang, Gabe Klinger, Teddy Williams, Lois Patiño e Matias Piñeiro, e dos portugueses Edgar Pêra, João Canijo, Ana Rocha de Sousa e André Gil Mata.
Como produtor ganhou um Leão de Ouro em Veneza e um Leopardo de Ouro em Locarno. As suas produções estrearam-se nos mais importantes festivais internacionais de cinema: Cannes, Berlim, Veneza, Roterdão, Locarno, Clermont Ferrand, e Annecy.
Foi responsável pela produção cinematográfica de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012 e produziu filmes de Jean-Luc Godard, Aki Kaurismaki, Peter Greenaway, Manoel de Oliveira, Pedro Costa e Victor Erice, entre muitos outros.
O Pior Homem de Londres é a sua última longa de ficção, selecionada para o International Film Festival Rotterdam 2024 – Big Screen Competition.
Filmografia escolhida
O Pior Homem de Londres, Fic, 128’, 2024
Vencidos da Vida, Fic, 66’, 2021
Surdina, Fic 75’, 2020
Hálito Azul, Doc, 78’, 2018
Organização do Espaço, Fic, 90', 2015
1960, Doc, 70', 2013
Estrada de Palha, Fic, 90', 2012
Tebas, Fic, 80', 2007
Nota de intenções
De há muito que admiro a arte dos Pré-Rafaelitas. De Dante Gabriel Rossetti a William Holman Hunt, a Millais e Burne-Jones, todos me fascinaram enquanto artistas, mas muito mais me fascina a sua organização enquanto “irmandade”. A insistência em criarem um movimento de reforma, mesmo que não vanguardista, defendendo a arte pela arte ainda no século XIX, a partir da apropriação do passado, é algo de que muito gosto e, de certa forma, uma recorrência no meu cinema. Revejo-me no princípio da apropriação de géneros ou estilos de um outro tempo transpostos para os dias de hoje.
Enquanto realizador a intenção de me apropriar de um estilo da pintura para a fotografia do filme é fundamental. Aqui, não poderia deixar de procurar usar como palete de tons e cores a mesma que Millais e Burne-Jones usaram para pintar a natureza, a que Rossetti usava para os rostos, o dourado contraste com o flamejante cabelo de Lizzie...
Quando Jorge Luis Borges, nos seus textos críticos de cinema, compara Citizen Kane aos Pré-Rafaelitas evidencia não só a natureza dos enquadramentos como principalmente a revolução do ponto de vista da utilização do foco. Eu vejo o filme um pouco mais narcótico, do ponto de vista da acção, e do contraste dos interiores híper-decorados e escuros com os exteriores luminosos onde imperam jardins e a natureza que os Pré-Rafaelitas souberam tão bem retratar. É, no entanto, um filme de rostos marcados pela dureza da época, da vida, do láudano, e da debilidade da vida dos artistas de outrora, como de hoje. E Howell é fundamental para penetrar na carapaça vitoriana de “bons costumes” de uma Londres ensimesmada. Como foi capaz de influenciar tantos episódios cruciais de uma época que decidiu omiti-lo ou torná-lo num vilão?
Rodrigo Areias