Notícia
MOSQUITO soma e segue
O filme de João Nuno Pinto, produzido por Paulo Branco, continua em cartaz em França, onde estreou a 22 de Junho, na reabertura dos cinemas franceses.
Já foi exibido em mais de 30 salas e acaba de entrar na prestigiada Utopia Bordeaux, onde ficará mais 3 semanas em cartaz.
A revista Utopia refere-se assim ao filme:
«Se a referência ao universo de Joseph Conrad e ao seu romance mais célebre [‘O Coração das Trevas’] é incontornável, é porque romance e filme partilham um ponto essencial: contrariamente àquilo a que uma leitura superficial pudesse levar-nos a pensar, nem um nem outro são – não obstante a sua estrutura narrativa e o contexto geográfico e histórico no qual têm lugar – narrativas de aventuras exóticas. A história de Zacarias, rapazote perdido num meio hostil, em luta contra o frio, a fome, a febre e a solidão, contada noutro tempo, poderia ser uma narrativa à la Kipling, sobre a Grandeza do Homem Branco, civilizador superando as adversidades do mundo selvagem. Mas não (felizmente!); é precisamente o contrário, aquilo que o filme faz. Porque o seu verdadeiro tema não é o heroísmo individual, mas os efeitos desastrosos do colonialismo tanto sobre as suas vítimas como sobre os seus executores (tal como no livro de Conrad). […] ‘Mosquito’ não é a história de uma redenção, mas antes a da dolorosa dessecação de uma consciência sobre a impiedosa dureza do mundo.
Nesta aventura temerária que tanto deve a Xenofonte pela simplicidade da sua narração como a Terrence Malick pela profundidade da sua busca introspectiva e do seu lirismo visual, João Nuno Pinto mistura de forma sábia a grande e a pequena história, e real e o fantástico, o material e o espiritual para nos passar uma mensagem que, não sendo nova, não deixa de ser actual: carregamos sobre os nossos ombros, cada um de nós, queiramo-lo ou não, o peso das iniquidades provocadas pelos nossos pais; e só depende de nós tomarmos consciência disso para que possamos libertar-nos, porque, ao negá-lo, voltaremos a repetir os mesmos erros. Ad nauseam.»