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A Sibila A Sibila

Um filme de Eduardo Brito com Maria João Pinho, Joana Ribeiro

A adaptação do romance homónimo de Agustina Bessa-Luís retrata a relação entre uma jovem escritora e a sua tia, personagens vibrantes inspiradas em figuras reais, a viver no interior norte de Portugal em meados do século XX. Sentimentos de ciúme, admiração e o complexo magnetismo entre duas mulheres fortes são retratados magnificamente pela grande escritora portuguesa no seu livro mais icónico, adaptado ao cinema com grande precisão.

2023 | Portugal | M/12 | 80 min | Drama, histórico | Longa-metragem | Também disponível em versão série em 3 episódios

Actores e ficha técnica

Elenco:

Maria João Pinho
Joana Ribeiro

Raimundo Cosme
Simão Cayatte
Sandra Faleiro
João Pedro Vaz

Diana Sá
Emília Silvestre
Ricardo Vaz Trindade
Marcello Urgeghe

Madalena Aragão

Rui Neto
Dinis Gomes

Rita Martins

Gustavo Sumpta

Valdemar Santos
Mariana Costa
Ricardo Lagartinho Lopes 

Com a participação especial de
Ana Padrão


Argumento e realização Eduardo Brito
A partir do romance de Agustina Bessa-Luís


Director de fotografia Mário Castanheira

Produtor Paulo Branco
Produtora delegada Mariana Marta Branco
Assistente de realização Paulo Mil Homens
Montagem Tomás Baltazar, Tiago Augusto
Director de som Francisco Veloso
Montagem de som e mistura Pedro Góis
Directora de arte Paula Szabo
Figurinos Susana Abreu

Música original Athena Corcoran-Tadd


Uma produção Leopardo Filmes


Com a participação financeira
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Fundo do Apoio ao Turismo e ao Cinema


Com o apoio
Câmara Municipal do Porto
Fundação Calouste Gulbenkian
Fundação Manuel António da Mota
Câmara Municipal de Amarante
Câmara Municipal de Caminha
Câmara Municipal do Marco de Canaveses
DRCN - Direção Regional de Cultura do Norte
Ministério da Cultura - Fundo de Fomento Cultural


Vendas internacionais e festivais: Alfama Films

Nota de intenções

A adaptação de A Sibila para cinema parte de duas premissas: uma, a vontade de transpor para a tela o espírito da obra, mais além do que o seu decalque. Outra, o entendimento da história como uma espiral: insere-se no fluxo do mundo, parece terminar onde começa — toda a narrativa é contada em analepse: e, bruscamente, Germa começou a falar de Quina, lê-se no início do romance. E o tempo recua.


Comecei a trabalhar no argumento do filme de A Sibila depois de escrever O Pior Homem de Londres, produzido pela Leopardo Filmes e realizado por Rodrigo Areias.


Às leituras e anotações que fiz do livro, seguiram-se longas conversas com Mónica Baldaque, iniciadas numa visita à Quinta do Paço — a Vessada, na história — e prosseguidas na casa de Agustina na rua do Gólgota, Porto.


Daí saíram valiosas informações que o filme acolhe: histórias laterais que aprofundam ideias da obra, sonoridades, expressões, atmosferas, objectos (a célebre fotografia de família, encenada num momento importante na passagem do tempo da história no tempo do filme; a rocking chair onde as personagens Quina e Germa se sentam – a verdadeira cadeira de balouço da Quinta do Paço) e, sobretudo, um conhecimento do espírito das sibilas Joaquina Augusta e Germana, representações, no livro, de Amélia Teixeira Bessa (1877-1957) e da sobrinha Agustina Bessa-Luís.


E como filmar a circularidade de A Sibila?  Na estrutura, pela analepse que abre e fecha a história, convocando Germa como narradora, capaz de dar voz à palavra escrita sempre que necessário — seja nos avanços da acção, seja na profundidade do texto, como um evangelho.


No espaço, concentrando-o na Casa da Vessada e arredores — o universo de Quina, todo o espaço até aos limites dos seus conhecimentos, onde os amigos viviam e comunicavam com outros amigos —  minimal na decoração, nos diálogos e nos horizontes.


Na essência, apresentando a figura da sibila como mistério: sublinhando a sua natureza nunca totalmente perceptível e propondo a existência de outra sibila: Germa, a narradora, a herdeira da sabedoria profunda e a continuadora do legado espiritual de Quina — no fundo, um modo de ver uma jovem Agustina: espaço e tempo de traduzir a voz da sua sibila.


(Parêntesis: se a passagem de testemunho é evidente — é de Quina que Germa recebe o legado, depois de um conflito com Custódio—, repare-se que Agustina escreve A Sibila em 1953 e que Amélia morre em 1957, tal como o livro previra.)


Na imagem, compondo em planos predominantemente fixos, assim se estabelecendo uma relação com uma ideia de quadro que recebe um sopro de vida — de novo, o e bruscamente —, assumindo o ciclo do dia como o ciclo do filme: o início é matinal, o meio passa-se sobretudo pela tarde e o final é nocturno, retomando-se o dia seguinte e a ideia de ciclo com o fecho da analepse.


Por tudo isto se propõe A Sibila como um filme sobre duas pessoas que contornam o destino que lhes estava traçado: como Amélia, sem sair do seu universo, Quina foge da sua condição de mulher num Portugal rural de inícios do Século XX, socorrendo-se da profunda inteligência na gestão do seu poder de sibila. Se ele existe ou não, a decisão caberá a cada um de nós. Germa, como Agustina, para começar o seu caminho de escritora, queima as pontes com o passado familiar — precisamente o que lhe dá as condições espirituais e materiais para caminhar — e torna-se, ela própria, a sibila que acabaremos por conhecer.


Eduardo Brito

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