A Herdade A Herdade
A saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, convida-nos a mergulhar profundamente nos segredos da sua Herdade, fazendo o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a Revolução do 25 de Abril e até aos dias de hoje.
Festivais e prémios
76º Festival de Cinema de Veneza 2019
Selecção Oficial - Em Competição
Prémio Bisato d’Oro para Melhor Realizador
Festival Internacional de Cinema de Toronto 2019
Selecção Oficial - Special Presentations
Óscares 2020
Candidato Português a uma nomeação na categoria da Melhor Filme Internacional
Prémios Goya 2020
Candidato Português a uma nomeação na categoria de Melhor Filme Ibero-americano
Globos de Ouro 2021 - Vencedor:
- Melhor Filme
- Melhor Actor - Albano Jerónimo
Prémios Sophia 2020 da Academia Portuguesa de Cinema - Vencedor:
- Melhor Filme
- Melhor Realizador - Tiago Guedes
- Melhor Actriz Principal - Sandra Faleiro
- Melhor Actriz Secundária - Ana Vilela da Costa
- Melhor Argumento Original - Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes
- Melhor Direcção de Fotografia - João Lança Morais
- Melhor Montagem - Roberto Perpignani
33º Panorama of European Cinema (Grécia)
Prémio de Melhor Filme
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2020
Selecção Oficial
Waterloo Historical Film Festival
Prémio de Melhor Actriz para Sandra Faleiro
34º Mostra deValència
Göteborg Film Festival 2020
Dublin Film Festival 2020
25th Vilnius International Film Festival Kino Pavasaris
Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana
Minsk International Film Festival Listapad
Tallin Black Night Film Festival - PÖFF
Macau Film Festival
La Habana Film Festival
European Union Showcase a Washington DC
IFFI - International Film Festival of India (Goa) - Selecção Oficial
Crítica
«Notável retrato de um patriarcado feudal a ser devorado pelas circunstâncias que o rodeiam.»
Lee Marshall, Screen Internacional
«Um filme torrencial. Uma obra ambiciosa.»
Andrea Chimento, Il Sole 24 Ore
«A fotografia de João Lança Morais tem uma beleza formal inquestionável.»
Jay Weissberg, Variety
«A Herdade é um triunfo artístico enquanto olha os espectadores de frente, sem sobranceria.»
Pedro Marta Santos, Revista Sábado
«[Tiago] Guedes encontra o tom certo na forma como utiliza este material, ligeiramente mais austero do que o realismo puro. Eleva o clã e os seus problemas quotidianos para a esfera de algo que é intemporal e quase mítico, à semelhança do que [Eça] Queiroz.»
Boyd van Hoeij, The Hollywood Reporter
«Uma extraordinária saga de Tiago Guedes.»
João Barrento, Jornal de Letras, Artes e Ideias
«Um óptimo título da competição (…) é extraordinário ver-se o filme de [Tiago] Guedes na sua duração exponencial de 164 minutos, tudo de uma vez, imerso na imensidão da natureza silenciosa e maravilhosa, suspenso na flutuação do tempo.»
Davide Turrini, Il Fatto Quotidiano
«O cinema português prova que está bem vivo, nesse processo infindável de resistência que há muito o distingue.»
Eduardo Dâmaso, Sábado
Actores e ficha técnica
Albano Jerónimo, João Fernandes
Sandra Faleiro, Leonor
Miguel Borges, Joaquim Correia
João Vicente, Leonel Sousa
João Pedro Mamede, Miguel
Ana Vilela da Costa, Rosa
Rodrigo Tomás, António
Beatriz Brás, Teresa
Teresa Madruga, Guilhermina
Diogo Dória, General Lopo Teixeira
Ana Bustorff, Isabel Lopo Teixeira
Victoria Guerra, Catarina Lopo Teixeira
Álvaro Correia, Ministro
Cândido Ferreira, Padre Heitor
António Simão, Inspector Cravo
Tonan Quito, Vítor Fonseca
Fernando Rodrigues, Pai de João Fernandes
Américo Silva, Sindicalista 1
Dinis Gomes, GNR Manuel
Jorge Loureiro, GNR Aurélio
Catarina Rôlo Salgueiro, Maria de Fátima
Jorge Mota, Doutor Marques
Marco Paiva, Chefe de Gabinete
João Arrais, Joaquim (Jovem)
Filipe Vargas, Ricardo Lopo Teixeira
Marcello Urgeghe, Fernando Melo e Sá
Gabriel Timóteo, Miguel (Criança)
Eduardo Aguilar, João Fernandes (Criança)
Realização: Tiago Guedes
Argumento: Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes
com a colaboração de Gilles Taurand
Direcção de Fotografia: João Lança Morais
Montagem: Roberto Perpignani
Direcção de Arte: Isabel Branco
Som: Francisco Veloso, Elsa Ferreira e Pedro Góis
Guarda-roupa: Isabel Branco e Inês Mata
Assistentes de Realização: Paulo Mil Homens
António Pinhão Botelho e Ana Mariz
Maquilhadora: Íris Peleira
Produtor: Paulo Branco
Co-produtor: Carlos Bedran
Uma co-produção Leopardo Filmes
e Alfama Films Production
em associação com CB Partners e Ana Pinhão Moura Produções
com o apoio ICA - Instituto do Cinema e Audiovisual
Fundo de Apoio ao Turismo e Cinema
e RTP - Rádio e Televisão de Portugal
Vendas internacionais e festivais: Alfama Films
Biografia do realizador
Tiago Guedes formou-se em Realização pela New York Film Academy, tendo frequentado, posteriormente, o curso de Direcção de Actores com Patrick Tucker, no Raindance London. Desenvolveu vários projectos para televisão e cinema, sendo responsável por várias séries de televisão, telefilmes e longas-metragens de grande sucesso público.
Do seu trabalho como realizador destaca-se o filme “Coisa Ruim” (2005), a sua primeira longa-metragem, co-realizada com Frederico Serra, que esteve na Selecção Oficial dos Festivais de Hamburgo, Sitges e de Pusan, o mais importante festival de cinema asiático, e marcou presença no Festival de Turim. Foi filme de abertura e integrou a Competição Oficial do Fantasporto 2006; ganhou o Prémio de Melhor Longa-Metragem, Prémio do Público e Prémio da Cidade de Coimbra no Festival Caminhos do Cinema Português 2009, bem como o Globo de Ouro para Melhor Filme nesse mesmo ano. Além disso, destaca-se a participação em inúmeros festivais internacionais de género. “Coisa Ruim” foi distribuído em DVD em Espanha, França e nos EUA.
A longa-metragem “Entre os Dedos” (2008), também co-realizada com Frederico Serra, esteve na Competição Oficial do Festival de San Sebastián, na secção “Zabaltegi-Tabakalera”, bem como na Selecção Oficial do Festival de Cartagena das Índias, onde conquistou o Prémio de Melhor Primeira Obra e o Prémio de Melhor Actor; integrou a Selecção Oficial do Festival de Turim, tendo ganho o Prémio Ciputti de Melhor Filme; marcou presença no Festival Internacional de São Paulo; no Festival Caminhos do Cinema Português, em 2009, recebeu o Prémio para Melhor Longa-metragem; nesse mesmo ano foi nomeado para os Globos de Ouro nas categorias de Melhor Filmes, Melhor Actor e Melhor Actriz.
Da sua colaboração com Tiago Rodrigues, realiza a longa-metragem “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas” (Selecção Oficial Competição Ibero-América no Festival de Guadalajara 2019, Competição Nacional Indielisboa 2019).
“A Herdade” (2019) é o seu projecto mais ambicioso até à data, partilhando a autoria do guião com Rui Cardoso Martins.
O teatro é outra das áreas que marca o percurso profissional de Tiago Guedes, destacando-se o seu trabalho como encenador em “A Matança Ritual de Gorge Mastromas" (estreada em 2019 no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa) “Os belos dias de Aranjuez” (peça homónima de Peter Handke, produzida em 2014 no âmbito do Lisbon & Estoril Film Festival e reposta depois, durante 2 meses, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa), “Blackbird” de David Harrower (estreada em 2010 no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, e no Teatro Carlos Alberto, no Porto, que esgotou todas as suas sessões em ambas as cidades), “The Pillowman” de Martin McDonagh (estreada em 2006 no Teatro Maria Matos, em Lisboa, e em 2007, no Teatro Nacional S. João, no Porto), entre outras.
Nota de intenções
O Peso das Heranças
O que faz de nós o que somos?
Ao longo da vida, são as opções e as escolhas que nos vão definindo, mas transportamos connosco matéria que não percebemos nem controlamos. Algo nos faz ser e agir, algo que nasceu connosco e nos foi passado, algo que herdámos. Este filme fala-nos dessas ligações invisíveis que nos definem e condicionam.
O cenário funciona quase como uma metáfora de tudo o que se passa com o nosso personagem principal, um homem carismático, daqueles maiores do que a vida. Ambos, o homem e a terra, começam grandiosos, imperiais, mas com o decorrer dos eventos vão revelando as imperfeições, as zonas cinzentas, e tanto um como o outro se começam a desmoronar.
A Herdade (palavra que tem origem no latim “Hereditas” tal como a palavra Herança) funciona quase como uma enorme ilha dentro de um país dominado por uma ditadura fascista. Uma espécie de reino dominado por um carismático príncipe anarquista e progressista. Mas que inevitavelmente chocará de frente com a vontade de mudança de um povo. Um confronto com as mudanças da história, com a passagem dos tempos. Eu quero muito filmar essas transformações humanas e territoriais. As consequências.
A paisagem de A Herdade será a descoberta da imensa lezíria e dos latifúndios de gado da margem Sul do Tejo. Uma visão insólita: o monte térreo, os celeiros, as searas, os cavalos, as lagoas ao sol, servirão de palco histórico, político e financeiro de Portugal nos últimos 60 anos, passando pela Revolução do 25 de Abril de 1974. E serão o espaço das obscuras acções das personagens, consumidas por angústias, preconceitos sociais, cobiças, amores e desencontros.
O universo de A Herdade remete-nos para muitos filmes que gosto profundamente. Filmes de espaços abertos, westerns perdidos no meio do nada, com personagens enigmáticos, que transportam segredos com eles como nos filmes de Leone e de Anthony Mann. Ao mesmo tempo que se exploram as relações humanas num tom de melodrama dos filmes mais clássicos de Minelli e Kazan.
Um filme de personagens, de actores, de interpretações fortes, da grandeza das paisagens que os envolvem e das consequências dos segredos que transportam. As heranças que nos deixam e as heranças que deixamos aos outros.
Tiago Guedes